Como Funciona

A geração de células modificadas geneticamente, as denominadas células CAR-T (do Inglês, Chimeric Antigen Receptor T-cell) é uma abordagem inovadora de terapia celular que envolve a manipulação genética dos linfócitos T, células brancas componentes do sistema imunológico adaptativo. Estas células são aplicadas no tratamento de alguns tipos de câncer, tais como os cânceres hematológicos, como a leucemia linfoblástica aguda (LLA) e o linfoma difuso de grandes células B (linfoma não Hodgkin).

Imagem: Linfócito T com o receptor CAR em sua membrana. Autoria própria, gerada no Biorender.

Nesse tipo de terapia, as células T do paciente são coletadas e levadas para o laboratório, onde são manipuladas geneticamente para “produzirem” um receptor específico, o CAR. Graças a este receptor, os linfócitos T agora poderão “enxergar” e matar as células tumorais. Na imunologia chamamos este processo de reconhecimento de antígeno através de um receptor.

As células precisam se comunicar para sobreviver e, uma forma de comunicação é através de seus receptores. Estes funcionam emitindo informações sobre a célula e o microambiente ao seu entorno, com objetivo de direciona-la a para o desempenhamento de funções no corpo.

Além dos receptores, as células são capazes de expelir moléculas denominadas citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento de populações celulares, bem como conteúdos de grânulos citotóxicos (presentes no interior de algumas células). Estes podem atuar como sinais:

1) De diferenciação celular permitindo que a célula adquira um fenótipo e um “pacote transcricional” determinado, (determinados genes são ativados, consequentemente ativando fatores de transcrição que culminam na produção de moléculas tais como as citocinas e quimiocinas) tornando-a apta a realizar uma função específica em um contexto específico em determinados tipos de resposta (ex: contra agentes causadores de doença como os vírus e bactérias)

2) De proliferação de uma mais populações celulares (expansão clonal),

3) De direcionamento e/ou retenção das células para tecidos específicos do corpo,

4) De estimulação ou inibição da proliferação de determinado tipo celular,

5) da ação efetora onde a célula é capaz de matar um alvo causador de determinado dano importante para o correto funcionamento do corpo.

Sendo assim, os cientistas descobriram que é possível criar receptores artificiais, utilizando moléculas presentes na constituição de receptores naturais. Metaforicamente, você pode pensar que isto seria um tipo de “quebra-cabeça”, “lego”, ou até mesmo um “transformer”. São anos de estudo e trabalho e experimentação constante para produzir tal engenharia: O receptor quimérico de antígeno (CAR), é um receptor projetado para se ligar a um antígeno específico presente nas de células de câncer. Constituindo de uma combinação de partes de anticorpos e moléculas de sinalização co-estimulatórias, que permitem que os linfócitos T reconheçam e matem as células tumorais que expressam o antígeno-alvo (molécula presente nas células de câncer).

Resumidamente, o processo de tratamento com células CAR-T envolve as seguintes etapas:

  1. Coleta das células do paciente: As células T do paciente são isoladas através da aférese do sangue.
  2. Manipulação das células: Em laboratório, através de técnicas de engenharia genética, os genes que codificam o receptor quimérico de antígeno são introduzidos nas células T do paciente por meio de vetores (virais ou não virais).
  3. Expansão das células: As células T modificadas são cultivadas em cultura celular em grande quantidade para que possam ser reinfundidas no paciente.
  4. Infusão das células no paciente: As células T geneticamente modificadas para expressar o CAR são reinfundidas no paciente. Uma vez dentro do corpo, essas células são capazes de reconhecer o antígeno tumoral expresso na superfície das células do câncer em questão e eliminá-las.

Apesar dos desafios, a terapia CAR-T representa um avanço na abordagem do tratamento do câncer, oferecendo esperança para pacientes que anteriormente não tinham outras opções de linhas de tratamento. O desenvolvimento contínuo dessa terapia e a pesquisa em andamento visam melhorar a segurança e a eficácia, bem como expandir seu uso para outros tipos de câncer.

Referências

https://chat.openai.com/

https://accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/linfoma-nao-hodgkin

https://gencraft.com/generate