Perguntas Frequentes

Clique nos quadros abaixo para saber mais sobre a terapia celular com o CAR-T:

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De onde vem o nome CAR-T?

O nome CAR-T vem da união de dois conceitos: CAR é a sigla em inglês para receptor quimérico de antígeno (chimeric antigen receptor) e T vem de linfócitos T, células do organismo responsáveis por sua defesa.

Na terapia celular, o linfócito T é alterado para exibir em sua superfície o receptor CAR. Graças a este receptor artificial as células de defesa do sistema imunológico – linfócitos T –  agora adquirem o “GPS” das células tumorais conseguindo assim localizar e eliminar estas células do corpo.  

Linfócitos T são chamados corriqueiramente de Células T, um termo mais popular. Agora você já sabe o que são Células CAR-T e poderá apresentar para sua família e amigos. 

O que é?

A terapia com células CAR-T é uma modalidade de terapia avançada que utiliza a manipulação de células do sistema imunológico para combater doenças.

As células são retiradas do paciente e, através de técnicas de manipulação genética, um Receptor Quimérico de Antígeno (CAR) é inserido nos linfócitos T (glóbulos brancos do sistema imunológico) de pacientes acometidos com câncer e outras doenças.

O tratamento consiste em retirar e isolar os linfócitos T, ativá-los in vitro em laboratórios especializados e “reprogramá-los”, através da inserção do receptor CAR, que irá identificar a células tumorais através do reconhecimento de um antígeno (molécula) presente na membrana desta.

Assim, o paciente recebe suas células  de volta no organismo. Os linfócitos CAR-T tem o objetivo de reconhecer  e matar as células tumorais. Com a eliminação das células tumorais busca-se a cura da doença. O paciente deve ficar sob acompanhamento médico até 10 anos após a infusão das células, com o objetivo de monitorar possíveis recidivas do seu câncer.

Todo esse processo, desde a coleta, modificação das células e aplicação no paciente, pode durar em torno de 60 dias.

Como surgiu?

A terapia com células CAR-T surgiu nos Estados Unidos e começou a ser aplicada experimentalmente em pacientes de câncer terminal no início dos anos 2010.

Os resultados positivos levaram a Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória dos Estados Unidos, a aprovar por unanimidade o uso da terapia CAR-T para o combate ao câncer em 2017.

Atualmente no Brasil, a terapia com células CAR-T é aplicada em pacientes que fazem parte de Estudos Clínicos aprovados.

A terapia ainda não está disponível no SUS, porém existem iniciativas trabalhando para a sua implantação. Caso um paciente queira se tratar com CAR-T a infusão com as células pode custar até 2 milhões. Os pacientes participantes dos estudos clínicos recebem o tratamento gratuitamente e concordam com os termos oriundos do comitê ética do estudo em questão. 

O primeiro voluntário brasileiro, que recebeu o tratamento experimental há dois anos, alcançou a remissão total de um linfoma em estágio terminal.
Outros pacientes que optaram pelo tratamento também tiveram remissão.

Até hoje, a terapia celular com células CAR-T se mostrou eficaz, em sua maioria, contra casos de linfoma, leucemia linfoide aguda (LLA), leucemia linfoide crônica (LLC) e linfoma não Hodking, tipos de cânceres hematológicos.

Como é realizado o controle de qualidade das células CAR-T?

Para produzir estas células, uma série de regras e era

O proponete do estudo com células CAR-T deverá submeter um dossiê a ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nesses documentos o pesquisador deverá informar os materiais e excipientes utilizados, bem como, o componente ativo e o produto final. As etapas de fabricação do produto, os protocolos e relatórios dos estudos de estabilidade realizados, e a descrição dos cuidados de armazenamento do produto final. Estudos adicionais de comparabilidade podem ser exigidos. A garantia da qualidade do produto CAR-T passa por diversas etapas do estabelecimento de protocolos á logistica de produção, essenciais para a segurança do produto final.

 

 

Quais as vantagens da terapia celular?

A terapia com células CAR-T é considerada um dos tratamentos mais inovadores da medicina e representa uma revolução no tratamento do câncer. Ele tem altíssima complexidade e é personalizado, pois usa as células de defesa do próprio paciente para combater a doença.

Para quais tipos de câncer as células CAR-T são usadas?

Até o momento, foram aprovados os  produtos com células CAR-T para o os seguintes tipos de câncer:

  1. Leucemia linfoblástica aguda (LLA) de células B para pacientes pediátricos e adultos jovens (até 25 anos de idade)
  2. Linfoma de grandes células B (LGCB) em adultos (refratário ou recidivado) incluindo Linfoma difuso de grandes células B (LDGCB)
  3. Linfoma de células do manto (LCM) em adultos (forma rara de linfoma não Hodgkin de linfócitos B), refratário ou recidivado.
  4. Linfoma folicular (tipo de linfoma não Hodgkin)
  5. Mieloma Múltiplo (refratário ou recidivado)
Como a terapia com o CAR-T age no organismo?

Após a coleta do sangue, o médico determina parâmetros celulares para separar apenas o grupo celular de interesse (as células T). Depois, os pesquisadores aplicam em laboratório um reagente que estimula a ativação dessas células. Uma vez que os linfócitos T são ativados e multiplicados, eles são colocados em contato com um vetor lentiviral – um vírus modificado incapaz de causar doença. Esse vetor contém a informação genética de um receptor que reconhece o antígeno chamado CD-19, que é expresso na superfície das células tumorais.

Por conter a informação genética do receptor do CD-19, o vetor faz a célula T expressá-lo em sua superfície, originando as células CAR-T que serão usadas na terapia – e que se ligarão ao CD-19 presente nas células tumorais. O produto é congelado e passa por rigorosos testes de controle de qualidade, para só depois ser infundido no paciente em um processo semelhante à transfusão de sangue. De volta à corrente sanguínea, esse conjunto de células CAR-T reconhece e se liga às células do câncer, induzindo a morte celular.

Quais são os benefícios das células CAR-T em comparação com outras terapias?

As células CAR-T oferecem uma abordagem personalizada e direcionada para o tratamento do câncer, atacando especificamente as células cancerosas. Isso pode levar a respostas mais duradouras em alguns pacientes, especialmente aqueles que não responderam bem a tratamentos convencionais.

Quem vai poder receber esse tratamento?

Atualmente, o tratamento com células CAR-T é aprovado para certos tipos de câncer e está disponível para pacientes que atendem a determinados critérios. Os principais tipos de câncer para os quais as terapias CAR-T foram aprovadas até o momento incluem:

  1. Leucemia linfoblástica aguda (LLA) em crianças e adultos jovens.
  2. Linfoma B difuso de grandes células (LDGCB) em adultos.
  3. Linfoma de células do manto (LCM) em adultos (forma rara de linfoma não Hodgkin de linfócitos B).

Os pacientes que podem receber tratamento precisam atender a certos critérios, como ter tentado e não respondido a tratamentos convencionais ou ter sofrido recidiva após tratamentos anteriores. Além disso, a elegibilidade para a terapia pode variar de acordo com as diretrizes clínicas específicas e as regulamentações locais de saúde.

Em média, por paciente, esse tratamento custa aproximadamente R$ 2 milhões. O desafio atual é tornar a terapia com células CAR-T acessível no Sistema Único de Saúde (SUS). A aprovação de estudos clínicos pela ANVISA é uma via de acesso aos pacientes interessados em participar e que se enquadram nos critérios. O tratamento ocorre nas unidades de produção do Núcleo de Terapia Avançada em São Paulo (USP e Ribeirão Preto), capazes de entregar inicialmente 300 tratamentos por ano. 

“A triagem é feita por meio do médico e paciente: O profissional deve entrar em contato pelo e-mail terapia@hemocentro.fmrp.usp.br, e a documentação anexada será analisada pelas equipes participantes da pesquisa.”

Quanto custa a terapia com o CAR-T?

Por ainda ser experimental e uma descoberta relativamente recente – os primeiros casos de sucesso aconteceram há cerca de dez anos, nos Estados Unidos –, a terapia com células CAR-T não está disponível em larga escala e é custosa: ela chega a custar até 2 milhões por paciente.

Existem uma previsão de lançamento do tratamento?

Sim. Você pode consultar os estudos clínicos e tratamentos em andamento no Brasil, no site do governo. As iniciativas estão centradas em Instituições de Pesquisa e Hospitais. No Instituto Nacional do Câncer (INCA), situado no Rio de Janeiro há previsão de lançamento de pesquisa clínica para 2024, envolvendo oito pacientes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e Linfoma Difuso de Grandes Células B (LDGCB). Os alunos orientados pelo Dr. Martín Bonamino, desenvolvem projetos com células CAR-T. Como por exemplo, a aluna Luiza Abdo que durante seu Doutorado, desenvolveu um protocolo de geração de células CAR-T usando a abordagem point of care contra o Linfoma Difuso de Grandes Células B (LDGCB). As células CAR-T 19BBz (receptor de segunda geração, com o coestímulo 41BB e sinalização ζ-zeta), foram geradas em 8 dias.

Que entidades participam da comunidade do CAR-T?

Diversas entidades desempenham papéis diferentes no desenvolvimento, pesquisa, regulamentação e aplicação clínica dessa tecnologia. Dentre elas, podemos citar Empresas Farmacêuticas e Biotecnológicas (Novartis, Kite Pharma {uma subsidiária da Gilead Sciences}, Juno Therapeutics – agora parte da Celgene), Instituições Acadêmicas e de Pesquisa (como por exemplo a Universidade de São Paulo (USP), e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e centros clínicos e/ou de pesquisa como INCA, Fiocruz, Butantan, Hemocentro, dentre outros), Agências Reguladoras (Anvisa no Brasil, Food and Drug Administration (FDA) nos EUA, European Medicines Agency (EMA) na Europa), Organizações de Saúde e Hospitais e Investidores e Financiadores.

Como é o trabalho do Inca com o CAR-T?

Os alunos do grupo do Martin Bonamino, desenvolvem projetos em diferentes linhas, que contemplam a geração de células CAR-T.

Já existem testes com pacientes humanos?

Sim, no Hemocentro – núcleo NUTERA, Butantan e Universidade de São Paulo (USP) em São Paulo. No INCA e Fiocruz, no Rio de Janeiro foi firmada uma parceria em Terapias Avançadas, para geração de células CAR-T em maior escala. Existe a intenção de dar inicio a estudos clínicps em pacientes em um futuro próximo.

Quem valida o método de terapia celular com células CAR-T?

A Anvisa é a agência reguladora de terapias avançadas. Os projetos com células CAR-T passam por todas as fases descritas na seçção Regulações em nosso site.

Já existem alguns resultados divulgados?

Sim. 

Qual é a eficácia da terapia com células CAR-T?

A eficácia varia entre os pacientes e os tipos de câncer tratados. Alguns pacientes experimentam remissões duradouras, enquanto outros podem não responder tão bem. A pesquisa está em andamento para entender melhor os fatores que afetam a eficácia.

Quais são as perspectivas futuras para a terapia com células CAR-T?

Algumas das perspectivas são 1) Expansão do tratamento para outros tipos de câncer, atualmente os produtos aprovados contemplam em sua maioria, canceres hematológicos, como leucemia e linfoma. Existem pesquisas em andamento para explorar o potencial das células CAR-T no tratamento de outros tipos de câncer, incluindo tumores sólidos, como câncer de pulmão, mama e cérebro. 2) A busca pelo aumento da segurança e eficácia da terapia, almejando reduzir efeitos adversos e o aumento da taxa de resposta ao tratamento. Isso pode envolver o desenvolvimento de novas construções de células CAR-T, bem como estratégias de engenharia genética e aprimoramento das técnicas de produção e manipulação de células. 3) O Desenvolvimento de Terapias Pré-fabricadas, que consistem em células CAR-T prontas para uso imediato (alogênicas) – conhecida como estratégia comercial off-the-shelf (de prateleira), em vez de células personalizadas (autólogas) coletadas de cada paciente. Isso pode simplificar significativamente o processo de tratamento e tornar as terapias CAR-T mais acessíveis e menos custosas. 4) A Combinação com outras terapias, como terapias-alvo, anticorpos monoclonais, e tratamentos tradicionais, para aumentar a eficácia do tratamento e superar recidivas e remissões da doença. E por fim 5) A Redução de Custos e Aumento do Acesso, com iniciativas para reduzir os custos de produção e administração das células CAR-T e aumentar o acesso a essas terapias por meio de programas de assistência financeira, e parcerias entre o governo, instituições de saúde e, centros de pesquisa e tecnologia.