A terapia celular é um campo da medicina regenerativa que utiliza a transferência de células humanas para curar ou substituir células e/ou tecidos danificadas para tratar doenças e condições médicas. Essa abordagem envolve o uso de células saudáveis e funcionais para substituir ou reparar, células e tecidos acometidos com alguma disfuncionalidade que ameaça a vida do indivíduo, tal como, o câncer. Tais células podem ser obtidas do próprio paciente (terapia autóloga) ou de um doador (terapia alogênica), e podem incluir várias fontes, como células-tronco, células do sistema imunológico dentre outras células especializadas.
Figura 1: Ilustração DNA. Gerada no canva.com
A terapia celular tem o potencial de tratar uma ampla gama de doenças e condições, incluindo lesões musculoesqueléticas, doenças cardíacas, doenças neurodegenerativas, distúrbios do sangue e, doenças autoimunes. As células utilizadas na terapia são manipuladas em laboratório ou em centros especializados, onde são modificadas geneticamente para que adquiram capacidades especializadas. Assim, estas células se tornam capazes de combater e eliminar as células disfuncionais da doença em questão.
Figura 2: Imagem iluistrativa. Obtida no freepik.
“O transplante de medula óssea é o tipo de terapia celular mais antigo já descrito. No Brasil, em 1979, um grupo pioneiro de hematologistas da Universidade Federal do Paraná deu início aos transplantes de medula óssea. Em 1983 se deu inicio no Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, outra unidade de transplante.” – Ferreira, Dulley, Morsoletto, Neto e Pasquini, 1985.
Alguns exemplos de terapia celular incluem:
- Terapia com células do sistema imunológico: São as células responsáveis pela defesa do corpo contra patógenos e fatores que ameacem sua homeostase, dentre os seus componentes podemos citar os linfócitos, granulócitos, monócitos, macrófagos, células NK, sistema complemento dentre outros. Os linfócitos podem ser divididos em duas grandes categorias: Linfócitos T (originados no timo) e Linfócitos B (originados na medula óssea). Atualmente, os linfócitos T são as células mais comumente pesquisadas e empregadas na terapia celular. Um exemplo de aplicação é a sua modificação em laboratório, onde são direcionadas a atacar células cancerígenas ou células infectadas por vírus, sendo usadas no tratamento do câncer e de algumas infecções virais. Confira abaixo uma imagem ilustrativa da linhagem de células do sistema imunológico:

Figura 3: Adaptado de MURPHY et al., 2008, p.4
- Terapia de células-tronco hematopoéticas: As células-tronco podem ser classificadas em células adultas (provenientes de tecidos maduros como a medula óssea), células-tronco embrionárias (provenientes do cordão umbilical) e, células tronco pluripotentes induzidas (obtidas por cientistas em laboratório em 2007). As células provenientes da medula óssea por exemplo, são mais especializados e dão origem a apenas alguns tipos de tecidos do corpo. Já as embrionárias, apresentam a capacidade dese diferenciar em qualquer tipo celular, e o corpo humano possui, aproximadamente 216 tipos diferentes de células. As células-tronco hematopoéticas (CTHs) por sua vez, são responsáveis pela manutenção da produção dos diversos tipos de células sanguíneas, tais como as hemácias, linfócitos, granulócitos, monócitos e megacariócitos (células que originam as plaquetas). As CTHs são responsáveis pela produção de 3 milhões de células do sangue por segundo.
Figura 4: Célula tronco, e tipos celulares que elas são capazes de se direnciar (neurônios, célula sanguíneas, células musculares, células epiteliais, células do fígado) (Imagem obtida via brgfx no Freepik).
Esta terapia pode ser aplicada nos seguintes tipos de câncer:
• Leucemia mielóide aguda
• Leucemia linfoblástica aguda
• Leucemia mielóide crônica
• Síndromes mielodisplásticas
• Doenças mieloproliferativas
• Linfoma não Hodgkin
• Linfoma Hodkin
• Leucemia linfocítica crônica
• Mieloma múltiplo
• Leucemia mielóide crônica juvenil
• Neuroblastoma
• Carcinoma renal
• Câncer de ovário
• Tumores de células germinativas
Figura 5: Imagem obtida no freepik
A terapia celular é uma área de pesquisa em constante evolução, e os avanços científicos estão continuamente ampliando as possibilidades, bem como abrindo novas perspectivas para o tratamento de inúmeras doenças.
No entanto, é importante ressaltar que, apesar do potencial promissor, ainda existem desafios técnicos, regulatórios e éticos a serem superados a fim de garantir a segurança e eficácia dessas terapias. Para ficar por dentro de tais desafios navegue por todas as seções de nosso site.
Referências
https://www.uchicagomedicine.org/cancer/types-treatments/cellular-therapy
https://br.freepik.com/fotos-gratis/fundo-medico-3d-com-celulas-de-virus-e-vertente-de-dna_2795501.htm#fromView=search&page=1&position=2&uuid=1ff471a8-79e1-479a-97b4-50c447087925
https://bvsms.saude.gov.br/imunoterapia-contra-celulas-do-cancer-custo-acesso-e-efetividade/